Dentro de um período de três semanas, Adrian Smith esboçou os designs originais que eventualmente se tornariam o prédio mais alto do mundo, o Burj Khalifa. No início dos anos 2000, ele foi abordado pela Emaar Properties, a empresa imobiliária que desenvolveu o arranha-céu. "Eles queriam nos perguntar sobre nossa experiência com prédios superaltos", diz Smith à AD. Na época, ele trabalhava na Skidmore, Owings & Merrill (SOM) e havia projetado edifícios como a Jin Mao Tower, uma torre de 420 metros em Xangai, e a Zifeng Tower (anteriormente conhecida como Nanjing Greenland Financial Tower), uma torre de 450 metros em Jiangsu, China.
Smith e seus colegas, incluindo Bill Baker, parceiro de engenharia estrutural na SOM, participaram da reunião e viajaram de Chicago para Nova York para uma conversa informal, mas informativa. "Falamos muito sobre projetar prédios altos, porque eles são muito diferentes até mesmo de um prédio de 60 andares", diz Smith. Representantes da Emaar disseram à equipe da SOM que estavam procurando desenvolver o arranha-céu mais alto do mundo em Dubai e pediram recomendações para escolher um arquiteto. "Eu disse que você deveria fazer uma competição de ideias de duas ou três semanas", lembra Smith. "E eles ligaram de volta na semana seguinte e disseram: 'É isso que vamos fazer'."
Em seguida, a Emaar abordou algumas empresas de arquitetura, incluindo a equipe de Smith na SOM, com os detalhes básicos do projeto - eles queriam algo na faixa de 500 a 600 metros - e deram a cada equipe algumas semanas para reunir suas ideias. Como Smith explica, a equipe da SOM apresentou "uma forma áspera" do que eventualmente se tornaria o Burj Khalifa. "Os desenhos iniciais, que não eram muito elaborados, atendiam às necessidades deles", diz ele. "Eles nos escolheram e começamos a trabalhar a sério cerca de um mês depois."
A base do design do Burj Khalifa: Do ponto de vista estrutural, o Burj Khalifa é projetado com uma geometria de piso tripartida em forma de Y. O design foi em grande parte baseado na Samsung Tower Palace Three, um arranha-céu em Seul com uma estrutura semelhante que Smith havia trabalhado anteriormente. Devido às restrições de zoneamento, a Tower Palace Three atualmente tem 73 andares, embora inicialmente devesse ter 93, com vários recuos à medida que crescia em altura. Quando a altura foi reduzida, "eu a levei a um ponto em que ainda dava passos, mas apenas em incrementos de dois ou três andares", explica Smith. "Era quase como construir um topo para o prédio."
Embora a visão original para a Tower Palace Three não tenha se concretizado em Seul, Smith ainda tinha a ideia de uma estrutura superalta com degraus variados a partir dos três pontos do tripé. "Eu tinha um esquema onde cada perna dos três tripés cairia em pontos diferentes", diz ele, "e as outras duas pernas subiriam e, em seguida, uma delas cairia, até que apenas uma perna continuasse." Da mesma forma, Smith também havia projetado uma versão em que as pernas davam passos em intervalos variados ao redor do prédio, para que, de longe, o prédio parecesse espiralar. Durante a competição de ideias de três semanas, Smith apresentou ambos esses conceitos à Emaar, que ficou atraída pelo fato de que, em ambas as iterações, o prédio não apenas era construível, mas também tinha uma qualidade dinâmica.
A inspiração arquitetônica do Burj Khalifa: Depois de vencer a competição, o arquiteto voltou sua atenção para aprimorar o prédio para se adequar melhor à herança do Oriente Médio. "Enquanto eu estava desenvolvendo o volume, pensei nos elementos arquitetônicos que existem no Oriente Médio, não apenas em Dubai, que as pessoas conhecem", diz ele. Pensando especialmente na arquitetura islâmica, ele lembrou dos arcos apontados e da cúpula de cebola - embora geralmente associada a igrejas ortodoxas russas, essa forma tem raízes na Síria e no Irã. "Então eu pensei: 'Eu vou usar isso, e quero usá-lo de maneira abstrata, onde não é óbvio", diz Smith sobre a forma da cúpula. Devido aos seus vários recuos, ao olhar para baixo do prédio, uma forma de cúpula aparece, embora ao olhar de baixo para cima, a forma não seja particularmente visível. "Eu queria que isso fosse um pouco misterioso, mas prevalente."
Localização do Burj Khalifa: O Burj Khalifa está localizado no Downtown Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, perto do Dubai Fountain Boardwalk. Atualmente, o prédio está cercado por escritórios, lojas e restaurantes, incluindo o Dubai Mall, que abriga muitos varejistas de luxo como Hermés, Saint Laurent, Cartier e Balenciaga, com outras destinações notáveis como o Burj Al Arab e o Palm Jumeirah nas proximidades. Embora a cidade seja agora conhecida por seu estilo de vida luxuoso e riqueza, quando o projeto começou, a área não era muito mais do que um pedaço de terra com alguns prédios espalhados aqui e ali.
O desenvolvimento rápido do Burj Khalifa: "Sheikh Mohammed foi um líder brilhante e tinha toda essa terra ao redor de Dubai, e ele queria transformar essa cidade em um destino de classe mundial", explica Smith. O esforço era, em parte, diversificar a economia de Dubai, que era em grande parte baseada no petróleo. "Ele disse aos seus amigos desenvolvedores 'se você tiver uma ideia realmente boa, eu dou a você a terra, desde que você a desenvolva rapidamente'", diz Smith. "Então, foi assim que Dubai se desenvolveu tão rapidamente."
